De acordo com a ABNA, Hujjat al-Islam wa al-Muslimin Mohammad Hossein Amin, em um texto exclusivo para a agência, abordou a posição da crítica e da aceitação de críticas nos ensinamentos éticos do Islã; um texto que, com base em documentação corânica, narrativa e racional, responde a uma das necessidades éticas mais importantes da sociedade atual.
Em uma sociedade onde a fronteira entre "conselho" e "humilhação" está perdida, a "crítica" frequentemente termina em silêncio ou hostilidade. Os ensinamentos xiitas, baseados em textos e na conduta dos AhlulBayt (A.S.), não apenas prescrevem a crítica, mas a consideram um dever humano, religioso e racional. Este texto é uma tentativa de reexaminar o lugar da crítica e da aceitação de críticas, como a religião deseja, e não como ela se perdeu em nossa cultura pública.
A Crítica: Uma Obrigação Oculta na Ordem do Bem (Amr bil Ma'ruf)
O Sagrado Alcorão, em uma de suas passagens mais claras, diz: ﴿وَلْتَکُن مِّنکُمْ أُمَّةٌ یَدْعُونَ إِلَی الْخَیْرِ وَیَأْمُرُونَ بِالْمَعْرُوفِ وَیَنْهَوْنَ عَنِ الْمُنکَرِ﴾ [Alcorão, Surah Al Imran, versículo 104].
Neste versículo, o princípio da "crítica fiel" é apresentado como um dever coletivo. A crítica fiel é o mesmo que afastar do erro e guiar para a verdade; um assunto cuja essência é a benevolência, não a humilhação ou o enfraquecimento.
No Nahj al-Balagha, o Imam Ali (A.S.) também convida as pessoas, dizendo:
«فَلا تَکُفُّوا عَن مَقَالٍ بِحَقٍّ أَو مَشُورَةٍ بِعَدلٍ»² — ou seja, "Não se abstenham de dizer uma palavra de verdade ou de um conselho justo."
Na visão xiita, a crítica não é uma ação opcional, mas parte de uma prática religiosa consciente; um assunto cuja ausência é o prelúdio da corrupção gradual da sociedade.
Aceitação de Críticas: Um Padrão de Racionalidade e Fé
Aceitar críticas, apesar de sua aparente simplicidade, é um sinal de maturidade psicológica e fé profunda. O Imam Ali (A.S.), em uma de suas mais famosas máximas, diz:
«رَحِمَ اللَّهُ امْرَءً أَهْدَی إِلَیَّ عُیُوبِی»³ — "Que Deus tenha misericórdia de quem me apresentar meus defeitos como um presente."
Nesta cultura, a crítica não é um ataque, mas um presente. É bem possível que um ser humano, em sua solidão, seja incapaz de ver seus próprios defeitos e que somente a crítica fiel o leve à consciência.
O Alcorão também, ao descrever as pessoas de entendimento, diz: ﴿الَّذِینَ یَسْتَمِعُونَ الْقَوْلَ فَیَتَّبِعُونَ أَحْسَنَهُ﴾ [Alcorão, Surah Az-Zumar, versículo 18].⁴
Aceitar críticas é parte do poder de discernir o "melhor da fala" (Ahsan al-Qawl). Somente quem ouve o que é dito tem a capacidade de corrigir.
Como Criticar? A Ética do Diálogo na Perspectiva de AhlulBayt (A.S.)
A crítica na escola de AhlulBayt (A.S.) tem seus limites. Embora a intenção de corrigir seja essencial, o método é igualmente importante. De fato, é uma realidade que falar mal é como dizer algo ruim, e ambos são caminhos errados. O Imam Sadiq (A.S.) disse:
«مَنْ نَصَحَ لِأَخِیهِ فِی سِرِّهِ فَقَدْ زَانَهُ، وَمَنْ نَصَحَهُ عَلَانِیَةً فَقَدْ شَانَهُ»⁵ — "Quem aconselha seu irmão em segredo, o adorna; e quem o faz em público, o desonra."
O Alcorão também diz: ﴿ادْفَعْ بِالَّتِی هِیَ أَحْسَنُ﴾ [Alcorão, Surah Fussilat, versículo 34].⁶
A crítica, se acompanhada de aspereza e humilhação, não só não traz correção, mas também fecha os corações. A crítica deve ser envolta em cortesia para ser bem recebida.
A Linha Tênue entre Crítica e Difamação: Advertências nas Narrações
A crítica construtiva tem uma linha tênue com a difamação (ghibah). A crítica fiel deve ser direta, documentada e com a intenção de corrigir. O Profeta do Islã (S.A.W.) disse:
«ذِکرُکَ أَخاکَ بِما یَکرَهُ غِیبَةٌ»⁷ — "Mencionar algo sobre seu irmão que ele não gosta é difamação."
No entanto, na jurisprudência xiita, se o discurso é para a correção da pessoa e não para desonrá-la, e desde que haja uma "revelação" de seu defeito (ou seja, ele o comete abertamente), não se enquadra na difamação. É por isso que a ordem do bem (Amr bil Ma'ruf) é uma exceção a essa regra.
O Imam Baqir (A.S.) também disse: «الأمر بالمعروف والنهی عن المنکر فریضة عظیمه بها تقام الفرائض»⁸ — "Ordenar o bem e proibir o mal é um grande dever, pelo qual outros deveres são estabelecidos."
A Conduta dos Infalíveis (A.S.) Diante da Crítica
Os Imames Puros (A.S.) nunca se abstiveram de ouvir críticas. O Imam Ali (A.S.), em seu pacto com Malik al-Ashtar, adverte claramente:
«ولا یکن المحسن والمسیء عندک بمنزلة سواء؛ فإنّ ذلک تزهید لأهل الإحسان وتدریب لأهل الإساءة»⁹ — "Que o benfeitor e o malfeitor não sejam para ti de igual valor; pois isso desencoraja os benfeitores e encoraja os malfeitores." Ele considera a crítica e a distinção entre o desempenho correto e o incorreto como o principal mecanismo da justiça social.
O Imam Sadiq (A.S.) também, em advertência contra elogios superficiais, disse: «إذا رأیتم العالم یحب الدنیا فاتهموه علی دینکم»¹⁰ — "Se virdes um sábio que ama este mundo, desconfiai dele em vossa religião."
Na escola de AhlulBayt (A.S.), criticar os grandes não é apenas permitido, mas considerado um sinal de zelo religioso e de preservação da integridade da religião.
Notas de Rodapé:
- Alcorão Sagrado, Surah Al Imran, versículo 104
- Nahj al-Balagha, Sermão 34
- Nahj al-Balagha, Sabedoria 76
- Alcorão Sagrado, Surah Az-Zumar, versículo 18
- Al-Kafi, vol. 2, p. 653
- Alcorão Sagrado, Surah Fussilat, versículo 34
- Sahih Muslim, vol. 4, p. 2000
- Al-Wasa'il, vol. 16, p. 120
- Nahj al-Balagha, Carta 53
- Al-Kafi, vol. 1, p. 46
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